SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A síndrome do túnel do carpo (STC) é uma das neuropatias mais freqüentes da extremidade superior, afetando principalmente mulheres de meia idade. Ela é secundária a compressão do nervo mediano no interior do túnel do carpo. Túnel do Carpo é um canal onde passam várias estruturas do antebraço para a mão. A base é formada pelas fileiras proximais e distais do carpo. Acima o retináculo dos flexores (ligamento transverso do carpo ou ligamento anular do carpo) faz um arco sobre os ossos carpais e se insere lateralmente nos Tubérculos do Escafóide e Trapezóide e medialmente no Hâmulo do Hamato e Pisiforme. Os sintomas clássicos da STC incluem dor noturna, associada com parestesias na distribuição do nervo mediano na mão, formigamentos no punho, Se a condição progredir, fraqueza pode ser notada e pode ficar mais difícil agarrar objetos.
Freqüentemente os pacientes referem acordar a noite com dor intensa, tendo que sacudir as mãos ou pendurá-las para fora da cama para aliviar os sintomas. Existem formas de prevenção da síndrome do túnel do carpo. Para começar deve-se evitar sempre que possível posições de trabalho com punho que não são naturais ou desajeitadas. Modificar a atividade das mãos e punhos também ajuda a aliviar os sintomas. É aí onde a ergonomia desempenha um papel importante. Deve-se ter a estação de trabalho avaliada e ajustada para se ajustar aos requerimentos físicos da pessoa. Outra forma de prevenção é fazer mini pausas durante o dia de trabalho. Também ajuda alongar e relaxar os ombros, costas, punhos e mãos entre longos períodos de trabalho. Vários estudos têm mostrado uma preponderância pelo sexo feminino e um pico de incidência em torno dos 55 a 60 anos. Mesmo sendo relacionada freqüentemente como doença ocupacional, ainda não existem evidencias claras a esse respeito. O risco de STC são maiores em ocupações que envolvem exposição a movimentos repetitivos e ferramentas vibratórias.
Estudos epidemiológicos identificaram os fatores de risco para STC. Apesar de não haver consenso, estes são predominantes: sexo feminino, obesidade, índice de massa corporal (IMC) alto, idade acima de 30 anos, atividade motora repetitiva (correlação não completamente estabelecida) e algumas patologias sistêmicas. Entre as causas clínicas citadas podem ser encontradas alterações que justificam o aumento de volume das estruturas presentes no interior do túnel do carpo, o qual é responsável pela compressão nervosa. O processo de instalação da STC por trabalho repetitivo pode ocorrer em decorrência de lesões agudas e crônicas no sistema musculoesquelético. A lesão aguda pode ser traumática ou por instalação de fadiga muscular, que ocorre quando o nível de força aplicada é baixo, mas considerado acima da capacidade adaptativa do sistema muscular. As lesões crônicas são conseqüências de sobrecargas musculoesqueléticas a longo prazo.A hipotrofia tenar é característica das compressões crônicas. Nota-se, nesses casos, redução das forças de preensão palmar e de pinça polegar-indicador. Dentre as alterações motoras, ocorrem mudanças na propriocepção, redução da força muscular e perda do equilíbrio da relação agonista/antagonista. Essas alterações estão justificadas em casos crônicos, nos quais outras estruturas estão envolvidas. O diagnóstico é clínico e determinado pela história e exame físico. Existem vários testes clínicos que podem ajudar no diagnóstico da STC, mas nenhum deles confirma o diagnóstico. O exame considerado o padrão ouro é o estudo de condução nervosa, que também pode estar associada com falsos positivos e negativos. O diagnóstico eletrofisiológico consiste na demonstração de bloqueio da condução no nervo mediano ao nível do punho através de estudos de condução nervosa. Tem sido feito vários estudos com a ultra-sonografia, procurando melhorar o método avaliativo principalmente naqueles casos em que existe sintomatologia compatível e o exame clínico e a eletromiografia apresentam-se normais. Alguns sinais freqüentemente utilizados para diagnóstico de STC são teste de Phalen, teste de Tinel-Hofmann, compressão do nervo mediano e sinal de fraqueza do músculo abdutor curto do polegar.
Em relação ao tratamento, há duas opções: o tratamento conservador ou o cirúrgico. A cirurgia geralmente não está indicada em casos de lesão por esforço repetitivo (LER)/distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT). Na liberação tradicional, o cirurgião faz uma incisão de 5 a 6 cm, estendida longitudinalmente em relação à prega formada pelo punho, e realiza a liberação do ligamento transverso do carpo sob visualização direta. A liberação do ligamento também pode ser feita por via endoscópica, esse procedimento apresenta maior risco de lesionar o nervo mediano, porém o alívio dos sintomas é similar ao procedimento aberto e os pacientes retornam ao trabalho mais cedo. Os valores de força de preensão palmar de pacientes submetidos à cirurgia tradicional retornam aos níveis do pré-operatório após três meses da cirurgia e melhoram consideravelmente no período de dois anos após o procedimento cirúrgico.
A atuação da fisioterapia na Síndrome do Túnel do Carpo deve ser direcionada tanto para a prevenção quanto para o tratamento da doença. Inicialmente podemos instituir um estudo biomecânico para possíveis correções e/ou alterações posturais, dos membros superiores e principalmente no que diz respeito à região do punho, evitando assim a incidência da patologia. A fisioterapia na fase inicial age melhorando o quadro álgico e diminuindo o processo inflamatório, evitando assim a utilização de fármacos, todavia não dispensando uma orientação ergonômica. Os exercícios de movimentação ativa intermitente do punho e dos dedos reduzem a pressão no interior do túnel do carpo, indicando uma vantagem para a prescrição de exercícios. A execução de exercícios proporciona a resolução dos sintomas por alongamento da aderência no túnel carpal. Isso provoca redução da pressão no interior do túnel, do edema e da área de contato do nervo mediano com o ligamento transverso, assim como um incremento do retorno venoso. O tratamento com laser também tem seus efeitos, pois melhora o processo de cicatrização.

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